Ardência gélida
O real te transforma de tal maneira que o que era colorido, agora é desbotado.
Pingos de flores derretiam em mim, enquanto agora correm lágrimas.
O sol nasceu ao contrário e passou iluminar a ausência, onde antes era presença.
Travesseiros espalham plumas pelo que arde, mas não aquece.
Ao menos a ardência também é quente como meu sentimento um dia foi.
Noites de despedida do que já tive e de aceitação do calor frio que me rodeia.
O vazio parece tão preenchido a um primeiro olhar que quase ilude.
Basta entrar para perceber que era nada.
A sabedoria pregressa te assombra com a certeza do que não é e nunca será o que já foi.
A epilepsia de prazer me olvida, por um instante, das minhas verdades.

